Sedevacantismo, ilegitimidade do Concílio Vaticano II e atitude católica diante do magistério
(Trechos de A Candeia Debaixo do Alqueire ─ Questão Disputada sobre a Autoridade Doutrinal do Magistério Eclesiástico a partir do Concílio Vaticano II, livro do Padre Álvaro Calderón [FSSPX], Rio de Janeiro, Edições Mosteiro da Santa Cruz/Sétimo Selo, 2009, 344 pp.)
«A) Com respeito às teses “sedevacantistas”
Nem os “sedevacantistas” estritos nem os mitigados (vacância formal, mas não material) podem – nem sequer pretendem – demonstrar que Mons. Roncalli ou Mons. Montini não eram ou deixaram de ser formalmente Papas de maneiranotória e antecedente às declarações conciliares. Mesmo concedendo que tivessem uma intenção habitual e objetiva contrária ao bem comum da Igreja que fosse equivalente a uma apostasia: enquanto não for notória, não os impede de exercer a suprema autoridade pontifícia. Se nessas condições exercem o magistério de modo infalível, pela assistência do Espírito Santo o que ensinam será verdadeiro, e todo e qualquer católico deverá aceitá-lo.
Não é lícito de maneira alguma o argumento para trás (quia): “As declarações conciliares deveriam ser infalíveis e são notoriamente falsas; portanto, o Papa carece de autoridade”. Tal discernimento é válido para o magistério interior do Espírito Santo, que também é infalível: “Se o que parece iluminação da graça for contra a fé ou os bons costumes, certamente não é assistido por Deus”. Mas o magistério da Igreja não é interior e invisível, e sim exterior e manifesto. Se aos olhos de todos fala a autoridade suprema da Igreja, e o modo manifesto como se expressa implica infalibilidade, o que diz é verdadeiro ou falham as promessas de Jesus Cristo. Julgar a retidão doutrinal de uma sentença é muitas vezes difícil mesmo para o bom teólogo, e por isso para as verdades fundamentais Nosso Senhor nos deixou somente o trabalho de discernir qual é a autoridade e quando nos obriga a crer no que ela ensina, prometendo assistir sua Igreja para que nisto não tivesse nunca possibilidade de engano.